Um projeto idealizado e realizado por estudantes do ensino médio, o blog Comentaristas surgiu durante conversas entre esses. Com o objetivo de trazer informações dos mais variados temas, desde notícias do cenário "pop" atual, até matérias completas de política e histórias. Como temos um grande número de autores, as opiniões podem e vão variar de autor para autor, podem até colidir, dando ao leitor, dois pontos de vista contrários para analisar.

sábado, 22 de março de 2014

Crise Na Ucrânia

17:25 Posted by Victor G. , , No comments
     Sempre que pessoas se reúnem em grupos, ocorrem discordâncias ou desentendimentos entre seus membros, é natural do ser humano querer ver sua opinião posta em prática. Em alguns casos, esses desentendimentos são resolvidos por conversas ou acordos, entretanto, muitas vezes estes levam a problemas ainda maiores, como a quebra do grupo, ou, em casos extremos, guerras. 


     Pode-se notar um exemplo desse tipo de situação na atual crise da Ucrânia. "Atual" até certo ponto. Para ao menos tentar compreender o que ocorre, é preciso voltar um pouco no tempo, pelo menos até as últimas décadas do século XX, à crise no leste europeu que marcou a decadência e fim da União Soviética.

     Março de 1985, Mikhail Gorbachev assume o poder da URSS, da qual a Ucrânia fazia parte, o líder comunista chamou atenção ao reduzir a censura, retirar tropas do Afeganistão após nove anos de intervenção soviética e libertar presos políticos. Com as chamadas glasnost, transparência com a sociedade, e perestroika, abertura de mercado, Gorbatchev acalmou ânimos alterados herdados da administração anterior. Contudo, falhou ao manter em funcionamento a nação comunista, e, em 1991, o parlamento soviético votou na dissolução da União. 


     Ucrânia, novembro de 2004, explodem denúncias de fraude maciça nas eleições presidenciais, tais fraudes favoreciam o então premier Viktor Yanukovich, com estas vindo à tona, deu-se início à onda de protestos que veio a ser conhecida como Revolução Laranja. Os protestos resultaram na repetição do segundo turno. Os candidatos de oposição, Viktor Yuschenko e Yulia Tymoshenko, se aliaram, com Yuschenko saindo como candidato e Tymoshenko como futura premier no caso de vitória. O resultado oficial teve Yanukovich como vencedor por 3 pontos percentuais, mesmo que as pesquisas de boca de urna resultassem com 11 pontos de vantagem para o oposicionista. A população, inconformada, foi às centenas de milhares às ruas, a nova onda de protestos apenas acabou com a realização de um novo pleito popular, no qual o oposicionista saiu vitorioso.

     Ucrânia,  fevereiro de 2010, Viktor Yanukovich é eleito presidente em eleições julgadas justas.

     No dia 21 de novembro de 2013, o parlamento ucraniano suspendeu as preparações para um acordo com a União Europeia. Segundo o governo, a medida foi tomada para proteger a "segurança nacional".

     O governo russo manteve pressão sobre a Ucrânia, para não assinar o contrato, o gigante do leste europeu tinha em mente a entrada do vizinho em seu próprio bloco econômico, o qual é visto, pela Rússia, como um protótipo de concorrente à União Europeia.

     Para o grande bloco econômico europeu, a medida foi um "desapontamento", como disse Catherine Ashton, chefe de políticas estrangeiras da União Europeia, ainda segundo ela, o bloco acredita que o futuro da Ucrânia se encontra em um forte relacionamento com a UE.

     Segundo o então presidente, Viktor Yanukovich, a Ucrânia ainda iria trabalhar no caminho para a integração com o bloco europeu.

     Ainda em novembro, o governo ucraniano afirmou não poder selar o acordo com a União Europeia por conta dos fortes laços com Moscou, os quais teria que romper para realizar o acordo com o bloco.

     Uma enorme onda de protestos se iniciou no país por conta da decisão. Em Kiev, a capital, os policiais estimaram cerca 50.000 pessoas, mas segundo repórteres da BBC presentes no local, 100.000 manifestantes era uma melhor estimativa.

     Nos protestos, as pessoas levavam consigo, além de suas famílias, com idosos e crianças, placas com frases como "eu quero viver na Europa" e "a Ucrânia também faz parte da Europa".

     Nas palavras do então primeiro ministro ucraniano, a decisão foi "tática", e motivada apenas por questões econômicas.

     Os protestos seguiram, com a oposição juntando-se a eles.

    Em dezembro de 2013, Yanukovich assinou acordo com Vladimir Putin, presdiente russo, este pagando 15 bilhões de Dólares da dívida ucraniana e reduzindo em até um terço o preço do gás.
     
    Dos dias 16 a 23 de janeiro de 2014, o parlamento ucraniano declarou lei anti-protestos, e, logo após esta, as mortes nos protestos começaram. Estes se espalharam para o oeste do país, em ataques a sedes regionais do governo.

     Nos dias 28 e 29 de janeiro, o primeiro ministro da Ucrânia,Mykola Azarov, renunciou. O parlamento anulou a lei anti-protestos e ofereceu anistia aos presos caso os manifestantes saíssem dos prédios públicos, a oposição recusou.


     Nos dias 14 a 16 de fevereiro, todos manifestantes presos desde dezembro do ano anterior foram libertados, em resposta, os manifestantes se retiraram do prédio da prefeitura de Kiev.Com a chegada do dia 18, os protestos voltaram, com razões ainda desconhecidas, à praça da Independência, na capital, deixando 18 mortos, entre eles, policiais e manifestantes. Entre os dias 18 e 20, a Ucrânia viu seus piores dias de violência em 70 anos, pelo menos 88 pessoas foram mortas nestas 48 horas.



                                                 Praça da Independência da Ucrânia, Kiev, antes e depois.

     Grande quantidade de eventos se sucedem no dia 22, começando pelo desaparecimento do presidente Yanukovich, seguido pela tomada de controle dos manifestantes sobre construções da administração presidencial, depois desta, o parlamento votou para tirar o presidente do poder, com eleições programadas para 25 de maio. Por consequência deste resultado, o presidente apareceu na TV denunciando o "golpe". Então, a arqui-rival, antiga primeira ministra, Yulia Tymoshenko, a qual havia sido presa por abuso de poder em acordos sobre o gás russo, é libertada do regime penitenciário. Dos dias 23 a 26, o parlamento nominou Olexander Turchynov o novo presidente também lançando um pedido de prisão a Yanukovich.
     No momento que a situação ucraniana aparentava se dirigir à reta final, uma nova crise explode, soldados armados pró-Rússia tomam bases militares estratégicas na península da Criméia.

Soldados armados em aeroporto ucraniano no dia 28


     No primeiro dia de março, o parlamento russo atendeu ao pedido do presidente Vladimir Putin, de usar força na Ucrânia depois que protestos pró-Rússia foram realizados em várias cidades ucranianas. No mesmo dia, Obama diz para Putin retirar as tropas para as bases. No segundo dia do mês, o primeiro ministro ucraniano disse que a Rússia oficialmente declarou guerra. Os Estados Unidos disseram que o gigante do leste europeu tinha controle sobre a Criméia.
   No dia seguinte, o embaixador russo das nações unidas disse que o ex-presidente ucraniano, Yanukovich, teria pedido a Putin que fizesse uso da força. Quebrando o silêncio no quarto dia do mês, o presidente russo disse que as tropas que ocupavam a Criméia não eram russas, mas sim, tropas de auto-defesa.
     Dois dias depois, no dia 6 de março, o parlamento da Criméia agendou um referendo para a união com a Rússia, já no dia seguinte, esta anunciou que os apoiaria se o referendo resultasse na separação da Ucrânia.
    No dia 11 do mesmo mês, as potências do ocidente ofereceram incentivos de troca de quase 500 milhões de euros, em resposta, o primeiro ministro ucraniano pediu a e que tomassem todas as medidas possíveis, até militares, para evitar que a "violência russa" continuasse.
      Com a chegada do dia 16 de março, ocorreu o referendo, este, com aproximadamente 97% dos votos a favor da união com a Rússia.
     Depois deste resultado, medidas foram tomadas por ambos os lados; a Ucrânia começou a fazer planos para retirar seus soldados e famílias da península e saiu da Comunidade dos Estados Independentes Liderada por Moscou (CIS). A UE e os EUA impuseram proibições de viagens e congelamento de bens de vários funcionários da Rússia e Ucrânia depois referendo da Crimeia.O presidente russo assinou um projeto de lei para absorver a península para a Federação Russa. Mais tarde, a Ucrânia afirmou que um oficial foi morto quando uma base militar foi invadida em Simferopol, Criméia, a primeira dessas mortes na região desde que as forças pró-Rússia tomaram conta no final de fevereiro. Em seguida, no dia 20, os líderes da União Européia se reuniram em Bruxelas para condenar as ações da Rússia e discutir sanções.

      Novas atualizações serão feitas e publicadas, conforme os fatos ocorrerem.

Fontes :
Suspensão das preparações para o acordo com UE- http://www.bbc.com/news/world-europe-25032275

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