Como uma doença nova e desconhecida, carregada por um hospedeiro inesperado, a discórdia chegou ao escritório de publicidade onde eu trabalhava.
Devido ao sucesso das campanhas do ano anterior, o ano que começava trazia consigo novos empregados. A equipe original, formada por cinco melhores amigos e um professor querido do ensino médio, dobrou de tamanho com a chegada de oito novos membros na empresa.
Na festa de réveillon do chefe, os novos e velhos epregados se conheceram. Entre os novatos, minha atenção se prendeu instantaneamente em uma garota ruiva, recém saída da faculdade, com olhos verdes profundos e bochechas salpicadas de sardas. A timidez da garota serviu como encorajamento e fui falar com ela. A conversa se desenvolveu e a jovem, cada vez mais encantadora, fez-me perceber como tudo estava errado. Não a vi até voltar ao trabalho.
Comecei o ano reivindicando mudanças no que a ruiva me fez compreender que estava errado. Em pouco tempo, eu já havia brigado com dois dos meus melhores amigos. Quem diria, ambos tinham voltado da festa de ano novo com ideias contrárias às que eu e a ruiva havíamos discutido.
Quando dei por mim, tinha terminado com minha namorada, que também trabalhava no escritório, e estava a um passo de me demitir. Os primeiros meses do novo ano apenas haviam trazido discórdia. Entretanto, antes de pedir a conta, resolvi chamar a ruivinha para sair, tanto do emprego, quanto para um café, comigo.
No momento em que abria a porta, ouvi uma conversa vindo da sala dela. Era a voz de um dos novatos, ele falava com a garota ruiva, a voz dela no mesmo tom da festa de réveillon, contudo, suas palavras traziam ideias opostas às que ela me disse na festa. Percebi, então, que apenas os homens haviam brigado, os homens que tinham alguma relação com a bela e persuasiva garota ruiva.
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