A mulher tem sofrido com o
machismo há muito tempo. Desde os tempos pré-históricos, é ela a responsável
pelas tarefas domésticas e pelo cuidado dos filhos. Enquanto os homens saíam
para caçar, eram as mulheres quem cuidavam da agricultura. Ao desenrolar da
História, é possível perceber que houve muitas mudanças. Numa monarquia, por
exemplo, o poder era passado de pai para filho,
em primeiro lugar. Já nos sistemas mais recentes e democráticos, eram apenas
homens que votavam.
Em teoria, o sexo feminino
conquistaria mais respeito perante a sociedade na virada do século XX. Com a Segunda Revolução Industrial, a
mão-de-obra feminina foi incorporada nas indústrias, mas pouco efeito causou.
Surgiu o Dia Internacional da Mulher e um foco maior para os direitos da
mulher. Contudo, esses parecem não deixar o papel ainda nos dias de hoje.
Assédio, diferença salarial entre
homens e mulheres, violência doméstica... Esses são apenas alguns dos reflexos
do machismo na sociedade. Todavia, deve-se destacar que a mulher está cada vez
mais ganhando espaço em todo tipo de relação. Ao que tudo indica, o sexo
feminino está cada vez mais progredindo na busca de uma igualdade em relação
aos homens, pelo menos em tese.
Ao passo que muitas escritoras
famosas – assim como Jane Austen, Virginia Woolf, Clarice Lispector e as irmãs
Brontë - utilizaram a literatura como uma arma pacífica no combate ao preconceito,
diversas autoras da atualidade estão angariando pontos negativos ao
“objetivarem” cada vez mais a mulher.
Uma série que conquistou diversos
corações adolescentes foi Crepúsculo. Escrito por Stephenie Meyer, a
quadrilogia abriu portas para outros livros tratarem a mulher como apenas um
objeto. Aos olhos dos leitores e das telas de cinema, o romance vivido pela
mortal Bella Swan e pelo vampiro Edward Cullen nada mais foi que amor
verdadeiro. Porém, a principal característica foi mascarada: Meyer criou um
relacionamento extremamente abusivo. Edward por muitas vezes controlou tudo que
a protagonista feminina fazia, chegando a observá-la enquanto dormia.
A partir disso, surgiu uma famosa
fanfiction (história criada por fã baseada na obra original) de Crepúsculo que virou
livro: Cinquenta Tons de Cinza. Inicialmente, a autora E. L. James postava
capítulos periódicos na internet, até que ela fechou contrato com a editora
Random House. Cinquenta Tons de Cinza é um relacionamento explicitamente
abusivo entre Christian Grey e Anastasia Steele, onde homem não mede escrúpulos
em dominá-la e fazer dela sua posse. A trilogia vai ter, inclusive, uma
adaptação cinematográfica que, de acordo com o sucesso dos livros, vai estar na
maioria dos cinemas.
A venda desenfreada dessa série
não só colocou o gênero erótico no topo de vendas, mas também foi o estopim
para diversos livros com o mesmo tema. Entre os best-sellers da atualidade, os
livros do gênero estão tomando espaço. O mais surreal é que, em noventa e nove
por cento dos casos, quem escreve esse tipo de livros são mulheres, e o público
alvo é justamente esse. Como se não bastasse, as leitoras suspiram ao se
deparar com uma personagem como Grey, desejando que elas próprias tivessem um
homem como ele.
Assim, é um choque saber que,
apesar do sexo feminino estar na constante batalha de ser igualada ao homem, há
um grande regresso nessa questão. O machismo é um problema sério, mas está
sendo transmitido na literatura atual como se fosse um exemplo a ser seguido. Há
de se aguardar o surgimento de escritoras feministas para colocar essa pauta em
equilíbrio.
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