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terça-feira, 1 de abril de 2014

O Regresso da Literatura

20:39 Posted by Unknown , No comments
A mulher tem sofrido com o machismo há muito tempo. Desde os tempos pré-históricos, é ela a responsável pelas tarefas domésticas e pelo cuidado dos filhos. Enquanto os homens saíam para caçar, eram as mulheres quem cuidavam da agricultura. Ao desenrolar da História, é possível perceber que houve muitas mudanças. Numa monarquia, por exemplo, o poder era passado de pai para filho, em primeiro lugar. Já nos sistemas mais recentes e democráticos, eram apenas homens que votavam.

Em teoria, o sexo feminino conquistaria mais respeito perante a sociedade na virada do século XX.  Com a Segunda Revolução Industrial, a mão-de-obra feminina foi incorporada nas indústrias, mas pouco efeito causou. Surgiu o Dia Internacional da Mulher e um foco maior para os direitos da mulher. Contudo, esses parecem não deixar o papel ainda nos dias de hoje.

Assédio, diferença salarial entre homens e mulheres, violência doméstica... Esses são apenas alguns dos reflexos do machismo na sociedade. Todavia, deve-se destacar que a mulher está cada vez mais ganhando espaço em todo tipo de relação. Ao que tudo indica, o sexo feminino está cada vez mais progredindo na busca de uma igualdade em relação aos homens, pelo menos em tese.

Ao passo que muitas escritoras famosas – assim como Jane Austen, Virginia Woolf, Clarice Lispector e as irmãs Brontë - utilizaram a literatura como uma arma pacífica no combate ao preconceito, diversas autoras da atualidade estão angariando pontos negativos ao “objetivarem” cada vez mais a mulher.

Uma série que conquistou diversos corações adolescentes foi Crepúsculo. Escrito por Stephenie Meyer, a quadrilogia abriu portas para outros livros tratarem a mulher como apenas um objeto. Aos olhos dos leitores e das telas de cinema, o romance vivido pela mortal Bella Swan e pelo vampiro Edward Cullen nada mais foi que amor verdadeiro. Porém, a principal característica foi mascarada: Meyer criou um relacionamento extremamente abusivo. Edward por muitas vezes controlou tudo que a protagonista feminina fazia, chegando a observá-la enquanto dormia.

A partir disso, surgiu uma famosa fanfiction (história criada por fã baseada na obra original) de Crepúsculo que virou livro: Cinquenta Tons de Cinza. Inicialmente, a autora E. L. James postava capítulos periódicos na internet, até que ela fechou contrato com a editora Random House. Cinquenta Tons de Cinza é um relacionamento explicitamente abusivo entre Christian Grey e Anastasia Steele, onde homem não mede escrúpulos em dominá-la e fazer dela sua posse. A trilogia vai ter, inclusive, uma adaptação cinematográfica que, de acordo com o sucesso dos livros, vai estar na maioria dos cinemas.

A venda desenfreada dessa série não só colocou o gênero erótico no topo de vendas, mas também foi o estopim para diversos livros com o mesmo tema. Entre os best-sellers da atualidade, os livros do gênero estão tomando espaço. O mais surreal é que, em noventa e nove por cento dos casos, quem escreve esse tipo de livros são mulheres, e o público alvo é justamente esse. Como se não bastasse, as leitoras suspiram ao se deparar com uma personagem como Grey, desejando que elas próprias tivessem um homem como ele.

Assim, é um choque saber que, apesar do sexo feminino estar na constante batalha de ser igualada ao homem, há um grande regresso nessa questão. O machismo é um problema sério, mas está sendo transmitido na literatura atual como se fosse um exemplo a ser seguido. Há de se aguardar o surgimento de escritoras feministas para colocar essa pauta em equilíbrio.

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