O farfalhar da grama, suavemente acordara-me, olhei pela janela, breu total. Ao tentar ver as horas, o relógio digital não passava de um borrão luminoso no meio do quarto escuro. Tateei a mesa de canto em busca de meus óculos, nada, um leve desespero começou a tomar conta de mim, na noite anterior eu enxergava perfeitamente sem eles.
Novamente ouvi a grama farfalhar, e com isso, outro ruído -seria um resmungo?
Meus olhos se acostumaram com a escuridão, vi meus óculos na estante. Levantei, e, silenciosamente, caminhei até ela.
O par de olhos de vidro presos à armação causava em mim uma estranha sensação.
Com o farfalhar e o resmungo, um miado.
Caminhei até a janela, ainda breu total.
Resolvi, então, lavar meu rosto.
Na pia do banheiro encontrei um par de lentes de contato, percebi, assim, que os óculos não eram meus.
Passos.
Num súbito movimento tirei os óculos e me encolhi atrás da porta.
Os passos continuavam, e se aproximavam do banheiro.
Clap
As luzes se acenderam.
Uma linda garota entrou no banheiro, por uma fração de segundos preparei o fôlego para gritar, até reconhecer minha namorada. Ela estava linda como nunca antes, exceto pelos seus cabelos, antes loiros, agora brancos como a neve, e a pele, naturalmente clara, branca como o cabelo.
Outra fração de segundo até ela me ver, e, apavorada, gritar.
Depois de levar vários chutes e xingamentos, fui reconhecido e ela pediu desculpas, seguidas de "o que diabos você faz aí? ".
Falei que não me sentia bem e havia me machucado ao colocar a lente. Fomos para a cozinha -eu precisava de um café. Lá, constatei que eram duas horas da manhã, e a aparência fantasmagórica de minha namorada era apenas uma impressão causada pela fraca iluminação do banheiro.
Os passos voltaram, e por poucos milissegundos pude ver dois pontos brilhando na janela escura.
Corri para esta, e, novamente, breu total.
Voltei para a mesa e tomei mais um gole do café.
Crack
Um galho cedia ao peso do pé de alguém do lado de fora da janela.
Dessa vez nem me dei ao trabalho de checar a janela. Minha namorada parecia não perceber.
Perguntei o que a acordara, ela nem chegara a dormir, trabalhava no seu TCC e tinha que voltar ao trabalho. Disse a ela sobre o que ouvi.
"É só o vento lá fora".
Dei-lhe um beijo de boa noite e voltei para o quarto.
Quando lá cheguei, um pouco do breu havia se dissipado e vi um vulto correndo na grama, logo depois os olhos voltaram.
Lá permaneram por mais alguns segundos, e também se dissiparam.
Quando, tremendo, me deitei na cama, ouvi leves batidas ritmadas na parede, formando uma melodia de velório.
Então minha namorada apareceu na porta, com sua aparência fantasmagórica, vestida com as mesmas roupas do dia em que me despedi dela, para a sua primeira, e última, viagem de avião, a qual ela fazia para apresentar seu TCC. As batidas continuavam na parede externa. Neste instante, lembrei que morava no sexto andar de um prédio.
Novamente ouvi a grama farfalhar, e com isso, outro ruído -seria um resmungo?
Meus olhos se acostumaram com a escuridão, vi meus óculos na estante. Levantei, e, silenciosamente, caminhei até ela.
O par de olhos de vidro presos à armação causava em mim uma estranha sensação.
Com o farfalhar e o resmungo, um miado.
Caminhei até a janela, ainda breu total.
Resolvi, então, lavar meu rosto.
Na pia do banheiro encontrei um par de lentes de contato, percebi, assim, que os óculos não eram meus.
Passos.
Num súbito movimento tirei os óculos e me encolhi atrás da porta.
Os passos continuavam, e se aproximavam do banheiro.
Clap
As luzes se acenderam.
Uma linda garota entrou no banheiro, por uma fração de segundos preparei o fôlego para gritar, até reconhecer minha namorada. Ela estava linda como nunca antes, exceto pelos seus cabelos, antes loiros, agora brancos como a neve, e a pele, naturalmente clara, branca como o cabelo.
Outra fração de segundo até ela me ver, e, apavorada, gritar.
Depois de levar vários chutes e xingamentos, fui reconhecido e ela pediu desculpas, seguidas de "o que diabos você faz aí? ".
Falei que não me sentia bem e havia me machucado ao colocar a lente. Fomos para a cozinha -eu precisava de um café. Lá, constatei que eram duas horas da manhã, e a aparência fantasmagórica de minha namorada era apenas uma impressão causada pela fraca iluminação do banheiro.
Os passos voltaram, e por poucos milissegundos pude ver dois pontos brilhando na janela escura.
Voltei para a mesa e tomei mais um gole do café.
Crack
Um galho cedia ao peso do pé de alguém do lado de fora da janela.
Dessa vez nem me dei ao trabalho de checar a janela. Minha namorada parecia não perceber.
Perguntei o que a acordara, ela nem chegara a dormir, trabalhava no seu TCC e tinha que voltar ao trabalho. Disse a ela sobre o que ouvi.
"É só o vento lá fora".
Dei-lhe um beijo de boa noite e voltei para o quarto.
Quando lá cheguei, um pouco do breu havia se dissipado e vi um vulto correndo na grama, logo depois os olhos voltaram.
Lá permaneram por mais alguns segundos, e também se dissiparam.
Quando, tremendo, me deitei na cama, ouvi leves batidas ritmadas na parede, formando uma melodia de velório.
Então minha namorada apareceu na porta, com sua aparência fantasmagórica, vestida com as mesmas roupas do dia em que me despedi dela, para a sua primeira, e última, viagem de avião, a qual ela fazia para apresentar seu TCC. As batidas continuavam na parede externa. Neste instante, lembrei que morava no sexto andar de um prédio.
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